O desafio dos nossos dias...

22
Ago 18

"Carta de uma mãe para uma filha

 



Minha querida, o dia que você perceber que eu estou ficando velha, peço por favor, seja paciente e mas acima de tudo, tente entender o que estou passando.
Se quando conversamos eu repito a mesma coisa mil vezes, não interrompa para dizer: “você já disse a mesma coisa um minuto atrás” … Basta ouvir, por favor, tente se lembrar dos momentos em que você era pequena e eu lia para você a mesma historia noite após noite, para você cair no sono.
Quando você perceber como eu sou ignorante a respeito de uma nova tecnologia, dê-me o tempo para aprender e não olhe para mim desse jeito … lembre-se, querida, eu pacientemente ensinei-te a como para fazer muitas coisas, como comer adequadamente, como vestir, pentear seu cabelo, como se sentar e lidar com questões da vida todos os dias … quando você notar que eu estou ficando velha, peço que por favor, seja paciente, mas acima de tudo, tente entender o que eu estou passando.
Se eu ocasionalmente me esquecer do estávamos falando, me dê tempo para me lembrar, e se eu não puder, não fique nervosa, impaciente ou seja arrogante. Só sei que em meu coração a coisa mais importante para mim é estar com você. E agora quando velha, as pernas cansadas não me deixam agir tão rapidamente quanto antes, me dê sua mão da mesma maneira que eu ofereci a minha para você quando aprendia a andar.
Quando esses dias vierem não se sinta triste por estar comigo, e entenda que quando eu chegar ao fim da minha vida com amor eu irei valorizar e agradecer o tempo e a alegria que compartilhamos juntas.
 
Com um grande sorriso e grande amor que sempre tive por você, eu quero dizer, eu te amo … minha filha querida.”
da net
publicado por emcontratempo às 12:40

18
Set 12

 

Em 1289 fabricaram a primeira louça de barro.

 

Mas para mim, existiu desde o dia em que ouvi este pregão...

Quando era pequena, passava lá na minha aldeia, um vendedor de loiça de barro.

O homenzinho, tinha um falar pesado e fechado.

Lembro-me sempre daquele pregão:

Oh loiça de baaaaarro...

e eu tinha medo daquele pregão.

lembrava-me um papão velho,

que os meus me cantavam,

para eu comer todas as papas ou toda a sopa.

Certo dia, eis-me na "horta de fora",

como assim chamávamos à horta que ficava ao lado sul da casa de meus pais.

Havia ido por ordem de minha mãe apanhar alguns cachos de uva.

Sim é que havia junto de uma zona de rocha, uma parreira de uva isabel.

Começo a ouvir o tal pregão e, pernas para que te quero, já estava na cozinha.

Mas era no tempo das batatas e da fruta que o tal fulano vinha.

Então minha mãe resolveu comprar uma panela e não sei se mais qualquer coisa.

Pagou com batatas brancas, que o homem levava depois em carro que fretava para vir buscar.

Era assim, naquele tempo.

Ou trocava-se por batatas, por vinho ou por milho.

Mas eu cá só tinha mesmo era medo do tal pregão.

Oh loiça de baaaaaaaarro!

Santos tempos!

peregrina

 

 

publicado por emcontratempo às 09:19

25
Out 11

 

 

Sou uma pobre pastora,

rezo sempre a Maria

no meio do meu rebanho,

sou o sol de cada dia..

 

Com os meus cordeirinhos,

eu aprendi a saltar.

Sou alegria da serra

e passo o dia a cantar.

 

Subo montes, desço vales,

subo e desço colinas,

para dar ao meu rebanho

as mais tenras das ervinhas.

 

As duas primeiras quadras, lembro-me de minha mãe cantar.

Não sabia de quem era.

Há poucos anos vi que eram quadras que os Pastorinhos cantavam.

A terceira quadra fi-la eu, para juntar mais uma .

Fizemos um pequeno teatrinho.

Tinha várias peças todas pequenitas.

Foi apenas apresentado para as pessoas do meu lugar.

Tinham e tem por hábito ir ao terço à ermida de Santo Cristo.

Penso que foi numa tarde de Domingo.

Todos se juntaram por ali, para ver os mais pequenos.

Estavamos longe ainda de sonhar com o Salão.

Foi então representado no armazém do sr. José Luís Vieira.

Era um armazém onde ele arrumava os tunéis de vinho.

O armazém do José Caetano como assim é chamado, foi palco.

E todos viram e se regalaram naquele mágico momento entre crianças.

A pastorinha era a minha rica prima que o Senhor levou em nova idade.

Cantava como um rouxinol.

 

Afinal descobri na net que estes versinhos eram cantados pelos pastorinhos.

Aqui anoto a letra dos versos porque tem algumas diferenças:

 

Amo a Deus no Céu,

amo-O também na terra;

amo o campo, as flores,

amo as ovelhas na serra.

 

Com os meus cordeirinhos

eu aprendi a saltar.

Sou alegria da serra,

e sou o lírio do vale.

 

Sou uma pobre pastora

rezo sempre a Maria.

No meio do meu rebanho

sou o sol do meio-dia.

 

Ó, i, ó ai!

Quem me dera ver-te agora!

Ó, i ó ai!

Meu Jesus, já nesta hora!

http://paginas.terra.com.br/arte/leiame/fatima.html

publicado por emcontratempo às 10:51

10
Out 11

 

Por aqui, na minha aldeia, passava de vez em quando, um velhinho de São Jorge de apelido Tio Sabino.
 
Pobre velhote, por certo inofensivo vinha sempre descalço e com um saco de serapilheira às costas.
 
Então quando éramos pequenas, e não queríamos comer:
- Olha que aí vem o velho do saco, replicava a avó, replicava a mãe.
 
Ou então se era para dormir as mães e avós ameaçavam o nosso infantil medo com o "velho do saco",
história por certo já antiga, que fora por elas personalizada no Tio Sabino.
 
Ao que ficávamos quietinhas, mesmo que sem dormir, até que o sono viésse.
 
Pois que ele não percebendo o barulho, passásse sempre.
 
Contavam, que ele nos punha dentro do saco e levava consigo, para onde não sei.
 
Ele, o tal velhinho, até era simpático.
 
Nós é que não queríamos lá muito contacto com ele, pois amedrontava-nos.
 
Sabendo que ele existia de verdade, é que tudo piorava.
 
Não era nenhum conto da mãe ou da avó, para nos aquietármos e dormirmos, era mesmo verdade, pois até já o havíamos visto.
 
Pois este velho era um papão para mim e para toda a rapaziada pequena da minha aldeia.
 
Quantas vezes tive que comer toda a sopa, sossegar e dormir debaixo daquele medo, para que ele não me levásse.  
 
Então se era de noite, vislumbrávamos o dito velhote a cada canto.
 
Assustádos aquietávamo-nos.
 
O sono chegava.
 
Afinal, de barriguitas cheias de sopa, era mais que natural que o sono batesse à porta.
 
E mesmo com a algazarra que fazíamos o sono vinha.
 
Mais não fora o susto do velho, para ali ficávamos inertes até de madrugada.
 
peregrina 2011.10.10

04
Abr 11

 

 

Sabes,

tenho saudades!!!

Sim,

muitas saudades!

 

Lembras-te,

quando desbravas-te aquele mato?!

e fizeste a vinha,

sim, a vinha que cultivo hoje.

 

E lembras-te,

daquela laranja?!

Sim,

aquela que (d)escascavas para mim?!

Lembras-te.

 

Tu punha-la numa tigela,

ao bocadinhos,

e juntavas-lhe o adoçante,

o açúcar.

 

Depois,

comia-a, com bolo

sentada no chão,

junto de ti.

 

Tu, sempre diligente,

cheio de paciência

e vontade, continuavas

o teu trabalho.

 

Vi-te colocar todo o estuque

no quarto de jantar,

sabes,

na parede da prateleira do relógio.

 

Ah, e lembras-te,

de me sentares na vinha,

sobre uma cepa,

a ver-te trabalhar.

 

E dizias:

és a minha companhia!

Fica aqui quietinha

enquanto o pai vai  despejar o cesto.

 

E ias continuando,

ora aqui, ora ali,

juntando pedra.

Retocando as paredes,

completando os abrigos.

 

Era uma vinha perdida,

que então era o teu quintal,

e que aos poucos,

diligente, foste trabalhando.

 

Lembras-te,

de entre essas pedras,

fazeres as hortas,

sabes, "a de fora", junto ao caminho.

 

E "a detrás de casa",

como dizias,

essa vi-te fazê-la,

como também vi, acabares o maroiço.

 

E mais...

 

Lembras-te

quando me sentavas no joelho,

de(s)bulhavas a maçaroca assada

e metias na minha boca.

 

E daquela boneca,

sabes,

era do tamanho de um dedo.

mas era a única que eu tinha.

 

Não me lembro quem deu.

Só sei que por muito tempo,

foi  só essa,

o brinquedo que recordo.

 

Tinha eu três anos,

lembras-te,

a mãe foi para o Faial,

com a mana para o hospital.

 

Fiquei só contigo.

Em casa da avó Aniquinhas.

Aqui não me recordo bem,

talvez ias trabalhar.

 

Passava o dia com a avó,

brincava com a Maria Alice,

da Tia Zulmira.

No cantinho do tanque d'avó,

fazia uma casinha.

Era aí o lugarinho de brincar.

 

Brincava, brincava,

a felicidade pairava,

pairava a inocência,

o mundo era belo.

Não havia nostalgia.

era tudo, tudo felicidade

era tudo, tudo alegria.

 

Agora fica a doce saudade.

Pai, agora fica a recordação.

agora fica a vontade,

pai, querido pai...

de abraçar-te,

agora. A saudade  é morta

nesta doce recordação.

Beijinhos, pai!!!

Beijinhos para a eternidade

hoje, no dia que farias,

se fosses vivo, 86 anos.

 

Obrigado por tudo ,

tudo o que me ensinaste,

por tudo o que me deste,

por tudo, tudo, pai.

peregrina

publicado por emcontratempo às 11:46

21
Nov 10

 

Sou uma pobre enjeitada,

não conheço pai nem mãe,

desde o berço abandonada

todos me olham com desdém.

 

Mas no entanto eu não creio,

que minha mãe fosse má,

se ela me trouxe no seio,

sabe Deus com qual anseio,

ela por mim chorará.

 

trálárá trálárá trálárá

 

Talvez fosse um criminoso,

quem assim me abandonou?!...

----+++---

Não me recordo agora, dos restantes versos,

lembro-me de ouvir minha mãe cantá-los.

É um drama triste da vida de muitas crianças

que tristemente vem para este mundo,

sem terem oportunidade de viver saudávelmente...

publicado por emcontratempo às 05:36

27
Abr 10

 

fisga santa nostalgia 01

 

fisga santa nostalgia 2

 

miudo com fisga santa nostalgia

www.santa-nostalgia.blogspot.com

 

A fisga era um brinquedo do meu tempo, usada pelos rapazes.

Feita com ramos de árvore que dessem jeito por causa do feitio em Y.

Feita com ramos de incenso ou faia.

Duas tiras de borracha de câmaras-de-ar usadas.

Estas, eram retiradas das bicicletas ou motos.

Dimensões da borracha, comprimento 25cmx1,5cm de largura.

A funda para pôr a pedra, era de couro de calçado velho.

Em forma de rectângulo 4x8cm.

Limpava-se o galho da árvore.

Faziam-se em cada lado cavidades circulares à volta.

Aí se amarrava as tiras de  borracha com um fio de barbante ou arame.

Antes de amarrar a última extremidade colocava-se o couro.

Neste haviam sido feitas duas ranhuras para entrar a borracha.

Agora depois de pronta, só faltavam as pedritas.

Estas eram de preferência lisas e mais ou menos do tamanho de bagos de uva.

Usavam-na para projectar pequenas pedras a longas distâncias.

Na maior parte das vezes era usada para caçar pássaros.

Melros pretos, e outros párraros.

Noutros tempos usou-se para caçar e como arma.

Fazia-se também outras maldades.

Atirar a vidros de casas velhas e abandonadas, guerrilhas entre os rapazes...

Jogos de destreza, atirando contra garrafas e locais marcados como referência.

Quer dizer que também haviam brinquedos um tanto perigosos se mal usados.

Hoje as crianças, por curiosidade podem experimentar este brinquedo.

Convém apenas que sejam acompanhadas e que usem em lugares apropriados. 

publicado por emcontratempo às 10:17

22
Abr 10

 

Lembro-me tão bem de meus primos terem estes carrinhos.

No meu tempo não haviam muitos brinquedos.

Faziam-nos os nossos pais e nós próprias.

Mesmo assim, éramos felizes com os poucos que havia.

É o caso deste carrinho, e outros...

Hoje, as crianças estão abarrotadas de brinquedos.

Brinquedos simples, bons brinquedos também.

Brinquedos que não educam nada.

Outros mesmo, muito sofisticados para meu gosto.

Brinquedos de todo o talho e feitio.

"

carrinho de rolamentos santa nostalgia 01

 

 

carrinho de rolamentos santa nostalgia

imagem do www.santa-nostalgia.blogspot.com

publicado por emcontratempo às 11:57

22
Fev 10

 

A sociedade está cheia de amizades que só são feitas conforme os interesses, as ilações que dai se possam tirar.

Quantas vezes se pensa que se tem uma amizade e lá levamos a punhalada pelas costas.

É pena que as pessoas, certas pessoas, não sejam capazes de um gesto de carinho, ou amizade, sem ter sempre por detrás outra intenção.

Quanto mais penso nisto, mais caio em mim.

Vejo que afinal o "mundo" em que eu pensava estar , é outro, bem mais corroído, pela ambição do ter, pela inveja, etc...

Há uns anos atrás, no tempo e no ambiente em que meus pais me criaram, embora a pobreza, as pessoas eram mais bondosas.

Respirava-se confiança e havia mais respeito uns pelos outros.

A coerência, a generosidade, a verdade, a fé, eram virtudes abundantes.

Felizmente foi nesse mundo que eu me criei.

Isto é, a minha infância e juventude foram muito felizes.

Olhem, que isto não é saudosismo do passado.

É sim preocupação com o futuro, onde se procura incutir tanto de bom e se vislumbra pouco.

Estes males que hoje procuram denegrir a imagem da amizade, da sinceridade, da inocência, entre as pessoas, vim a aperceber-me deles já bem tarde.

Ainda bem para mim e para os que comigo privam e privaram alguns momentos da sua vida.

Oxalá que eu seja suficientemente clara para que também os meus possam perceber como a amizade é importante quando é genuína.

Dói, às vezes ver nos rostos dos outros uma expressão diferente daquela que a boca transmitiu.

Aterra, Maria!

Afinal, a vida hoje, até já entre as crianças de escola se percebe, é feita pela competição, etc, etc...

As pessoas vivem de  queixo levantado, acham-se superiores.

Coitadas!

Superiores em quê?!

Em quê, meu Deus?!

Que experiência de vida têm, se as suas cabeças estão sempre cheias das mesmas coisas .

Aparências! Aparências! E aparências!

Isto já mexeu muito comigo.

Hoje, hoje não!

Quando caí da fantasia, aí sim.

Até chorei!...

Que mundo cão!

Quem me dera voltar a ser criança! 

publicado por emcontratempo às 12:04

29
Dez 09

  

historia de portugal 4 classe santa nostalgia capa

 

historia de portugal 4 classe santa nostalgia ccapa

historia de portugal 4 classe santa nostalgia 1

 

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historia de portugal 4 classe santa nostalgia 3

 

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historia de portugal 4 classe santa nostalgia 6

 

historia de portugal 4 classe santa nostalgia 7

 

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herois da historia egas moniz santa nostalgia 2

 

herois da historia egas moniz santa nostalgia

www.santanostalgia.blogspot.com

publicado por emcontratempo às 15:41

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