Em tempos, era aqui que se mudava de calçado para ir para a missa ou para a festa.
Explicando melhor, as mulheres é que se davam a esse trabalho.
Como viviam longe e o caminho era de terra batida, estragava mais o calçado.
A necessidade exigia poupanças porque tudo era caro e os ganhos poucos.
Traziam calçado mais velho para que o novo durasse mais.
Era então aqui, detrás do portão do tio Leal que faziam as trocas.
Calçava-se as meias e sapatos melhores.
Os outros, ficavam por ali, num canto ou então presos nos bicos do portão.
Até que viessem da missa e fôssem novamente trocá-los.
Assim acontecia, em tempos idos.
Hoje, pode parecer estranho, mas naquela época era normal.
Coisas de antanho que convém anotar.
É que hoje, não há a noção do valor dos gastos.
Há muito boa gente que gasta e gasta porque não doeu a ganhar.
Essa gente nunca saberá poupar.
E o que vier a adquirir nunca terá o sabor daquilo que se adquiria.
Pois tudo o que se tinha era muito suado, assim dizia meu pai.
Queria então dizer "trabalho muito, para ter pouco".
Tempos difíceis que hoje poucos sabem avaliar.
peregrina 2009.10.24