"Águas verdadeiras, por São Mateus as primeiras".
(sabedoria popular de Setembro)
"Águas verdadeiras, por São Mateus as primeiras".
(sabedoria popular de Setembro)
"A mais profunda raiz do fracasso em nossas vidas é pensar,
como sou inútil e fraco.
É essencial pensar poderosa e firmemente,
eu consigo, sem ostentação ou preocupação."
Dalai Lama
Para verdadeiramente servir a paz , a liberdade de cada homem, a comunidade deve respeitar as liberdades e direitos dos outros indivíduos e colectividades.
João Paulo II (1981)
"O conhecido sociólogo e filosofo francês, Jaques Amaury, professor na
Universidade de Estrasburgo, publicou recentemente um estudo sobre "A crise
Portuguesa", onde elenca alguns caminhos, tendentes a solucioná-la.
Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história, que terá
que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrarem crescentes tensões e
consequentes convulsões sociais.
Importa, em primeiro lugar, averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má
aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e
adaptação às exigências da união.
Foi o país onde a CE mais investiu "per capita" e o que menos proveito
retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na
qualidade da educação, vendeu ou privatizou a esmo actividades primordiais e
património que poderiam hoje ser um sustentáculo.
Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas; estádios de futebol;
constituição de centenas de instituições publico-privadas, fundações e
institutos de duvidosa utilidade; auxílios financeiros a empresas que os
reverteram em seu exclusivo benefício; pagamento a agricultores para
deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações; apoios
estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais
partidos; elevados vencimentos nas classes superiores da administração
publica; o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um
desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza,
na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário,
uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e
população mais pobre.
A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos
penetram, já que os partidos, cada vez mais desacreditados, funcionam
essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e
incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam,
transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. Assim, a monstruosa
Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por
sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas,
tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.
Não existe partido de centro, já que as diferenças são apenas de retórica,
entre o PS (Partido Socialista) que está no Governo e o PSD (Partido Social
Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um
novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial
abastado. Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade
assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica diametralmente
oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira
oportunidade. À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como
o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas
recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal
como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio.
Mais à esquerda, o PC (Partido comunista), vilipendiado pela comunicação
social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada
na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades
actuais.
Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a
democracia pré-fabricada não encontra novos instrumentos.
Contudo, na génese deste beco sem aparente saída está a impreparação, ou
melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e
determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e
nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é
oferecida pelos órgãos de comunicação. Ora, aqui está o grande problema
deste pequeno país; as TVs, as Rádios e os Jornais são, na sua totalidade,
pertença de privados ligados à alta finança, à industria, ao comércio, à
banca e com infiltrações accionistas de vários países.
Ora, é bem de ver que com este caldo não se pode cozinhar uma alimentação
saudável, mas apenas os pratos que o "chefe" recomenda. Daí a estagnação que
tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.
A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por
elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos
sociais-democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e
calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos
directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via
partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já
descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de
trabalho, enquanto o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais
difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A
deserção destes foi notória.
Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso
"non gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à
realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa
ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a
manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e alienante pode ajudar a população a fugir
da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere
e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e
lucidez sobre os seus desígnios."
"Deus que ama a Paz e sabe que ela é fruto da justiça ajudará os homens de boa vontade."
D. Helder da Câmara