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Vinhos dos dabney do Faial produzido no Pico
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Vinhos dos dabney do Faial produzido no Pico
... nunca mais se pode esquecer...
os registos são da saudade...
são de dor e tristeza...
do sofrimento por que passaste
e que tão cedo nos deixaste...
muito mais pobres porque lesadas da tua companhia.
nossos olhos percorrem o tempo,
que distâaaaaaaaaaaaaaaancia...
mas para nós parece sempre que foi ontem,
continuas sempre e sempre,
na nossa memória...
que saudaaaaaades...
Os registos são
da pureza e felicidade das nossas infâncias...
brincando juntas,
juntas dormindo a sesta,
enquanto,
nossas mães iam ao poço,
ou à lenha para virem fazer massa para casa,
ou à moagem, do sr Joaquim,
sabes...
ou ainda à erva das galinhas, colhida entre vinhas,
ou então à costa apanhar umas lapas para a ceia,
sabes que elas punham o xaile na janela,
para que dormíssemos,
pois o sol lá fora, espraiava-se nos céus...
era assim,
eram tão doces esses momentos...
mesmo na nossa santa pobreza...
que saudades, Fátima, que saudades...
Estavamos lá as três juntinhas.
Tu a Alda e eu,
às vezes era difícil começarmos a dormir,
mas, daí a bocado,
lá vinha ele habitar nossos olhitos inocentes...
e depois...
quando elas chegavam,
voltávamos a ir brincar para a vinha do Tio Caboz,
lembras-te...
era com testos de loiça partida,
conchinhas que encabávamos em galhitos de lenha,
eram as nossas colheres,
tudo dava para resolver um problema,
naquelas casitas entre os arbustos da erva de varredouro
e de faias novas,
sim,
que seus ramos mais amadurecidos
eram cortados para os animais,
ou então para secarem para lenha.
nesse tempo era assim, por cá...
não haviam fogões a gaz
eram as grelhas ou então alguma chapa metida nos lares
ou ainda sobre os lares dois blocos de cimento,
e os fornos a lenha, alguns ainda todos no interior das cozinhas,
outros já como os nossos ,
apenas o lar cá dentro com sua grande chaminé,
assim já não havia tanto fumo,
como quando o forno ficava todo dentro da cozinha.
Ainda me lembro do de casa do teu avô paterno,
Tio Manuel Rodrigues, entre outros.
mas... e continuando,
as nossas casitas de brincar,
todas bem divididas:
ora ali era a cozinha,
acolá a sala,
além os quartos de cama,
lindo!!!
Havia de tudo...
Onde nada havia...
Santa inocência...
Que saudades minhas irmãs.
Para ti aí no céu enviamos hoje,
hoje sim,
tu sabes hoje que dia é
daqui vai o nosso beijinho de parabéns.
Sabes, não sabes?!
Somos nós as tuas primas/irmãs,
de coração,
Beeeeeeeijiiiiiinho, Fátima!!!!!
peregrina
Em 1289 fabricaram a primeira louça de barro.
Mas para mim, existiu desde o dia em que ouvi este pregão...
Quando era pequena, passava lá na minha aldeia, um vendedor de loiça de barro.
O homenzinho, tinha um falar pesado e fechado.
Lembro-me sempre daquele pregão:
Oh loiça de baaaaarro...
e eu tinha medo daquele pregão.
lembrava-me um papão velho,
que os meus me cantavam,
para eu comer todas as papas ou toda a sopa.
Certo dia, eis-me na "horta de fora",
como assim chamávamos à horta que ficava ao lado sul da casa de meus pais.
Havia ido por ordem de minha mãe apanhar alguns cachos de uva.
Sim é que havia junto de uma zona de rocha, uma parreira de uva isabel.
Começo a ouvir o tal pregão e, pernas para que te quero, já estava na cozinha.
Mas era no tempo das batatas e da fruta que o tal fulano vinha.
Então minha mãe resolveu comprar uma panela e não sei se mais qualquer coisa.
Pagou com batatas brancas, que o homem levava depois em carro que fretava para vir buscar.
Era assim, naquele tempo.
Ou trocava-se por batatas, por vinho ou por milho.
Mas eu cá só tinha mesmo era medo do tal pregão.
Oh loiça de baaaaaaaarro!
Santos tempos!
peregrina
Desencanto
No meu jardim de Sonho e de Quimera,
eu quisera colher, para oferecer-te,
em alegre manhã de Primavera,
uma rósea ilusão, para encantar-te!
Foi vão o meu esforço... considera:
Procurei sem descanso e em toda a parte,
mas eis, que encontro, apenas folhas de hera,
cobrindo as ruínas do meu sonho.
Poupar-te tanto dano... quem me dera...
Que triste o desencanto que me invade...
O meu jardim é agora uma tapéra,
batido pelo sol da realidade...
Nele brotou! Cresceu! e impera:
Em vez de uma ilusão... uma saudade!...
Lisette Villar de Lucena Tacla
(poeta brasileira)
(Poema tirado de um almanaque antigo que me havia dado a senhora Leonorzinha Cristiano)
E não sei porquê, andando à busca de nomes para a minha primeira menina, escolhi o da poeta.
Daí que guardei o poema.
Foi.
Começou ontem...
este ano é muitissímo fraca a colheita.
O tempo destruiu as vinhas.
Em tempo de salvar a floração dos cachos o tempo foi mau.
Temos que salvar o que nos resta.
É assim a persistencia do vinhateiro.
peregrina
é um vaivém constante,
da porta p'ró armazém.
Ora lava, ora estende,
ora vai e ora vem.
Agora é uma colher,
que no lume fumega o tacho,
anda daí oh mulher.
olha o dia já vai baixo.
O sol estende seus raios,
espevitando de luz,
por entre os ramos das faias,
do mato, a sombra seduz.
Meus caminhos no quintal
meus passeios, meu jardim
anda mulher, olha o tacho,
nunca vi mulher assim.
ora vai e ora vem
da porta ao armazém
olha a roupa no estendal,
e o chireno da noitinha
pega toalha, avental
leva já para a cozinha
vai à sopa e põe o sal
já está temperadinha.
oh mulher, nessa toada,
inda vais ficar cansada...
by peregrina