"Certa manhã o meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque.
Deteve-se subitamente numa clareira e perguntou-me:
- Além dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos e respondi:
Estou a ouvir o barulho de uma carroça.
- Isso mesmo, disse o meu pai, de uma carroça vazia.
Perguntei-lhe:
- Como sabe que está vazia, se ainda a não vimos?
- Ora, é fácil! Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que faz.
Cresci e hoje, já adulto, quando vejo uma pessoa a falar demais, aos gritos, tratando o próximo com absoluta falta de respeito, prepotente, interrompendo toda a gente, a querer demonstrar que só ele é dono da verdade, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai a dizer:
- Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz!"
Filhos, olhai carinhosamente pelos vossos Pais, um dia sereis Pais e ides ver, sentir o sofrimento da solidão, como paga de todo o bem que fizestes, pensai nisto:
Há muito tempo num país distante, um homem, vendo que seu pai já era velho e não podia trabalhar, resolveu livrar-se dele.
Assim, num certo dia de Inverno, pegou numa manta e numa broa e convidou o pai a acompanhá-lo até ao cimo de um monte.
Chegado lá, o filho disse ao pai que não o podia alimentar e que, por isso, ali o deixava.
o pai de lágrimas nos olhos, pela tristeza de se ver assim tratado pelo filho, ainda teve forças para lhe perguntar:
- Filho, não trazes, por acaso, uma faca?
- Para que a quer, meu pai?
- Olha, filho, lembrei-me de cortar esta manta e esta broa ao meio para que leves uma parte para casa.
- Para quê pai? - perguntou o filho, intrigado com a atitude do velho.
- É para o teu filho te dar quando fores velho como eu e já não puderes trabalhar...
O filho olhou o pai e, compreendendo a lição que este lhe dera, chorou de arrependimento e trouxe-o de novo para casa, onde o tratou com carinho até à hora da sua morte.
(uma história antiga da qual pudemos e devemos tirar as devidas ilações).
E já agora o velho ditado:
"Filho és e pai serás assim como vês, assim farás"
A sementinha caíu à terra,
empurrada pelo vento.
Veio a chuva,
a sementinha
bebeu...bebeu...
Muito gordinha,
deitou dois braços,
um para a terra,
outro para o céu.
E cresceu, cresceu...
Criou raízes,
desenvolveu...
Veio a Primavera.
Um belo caule,
partiu céu acima, e ...
eis que uma bela espiga,
verdinha, brotou.
E a sementinha corou.
Enquanto a espiguinha
amadureceu.
Soltou-se ao sol.
Baloiçou ao vento.
E muitas sementinhas
a espiguinha criou,
e ao sol do Verão
muito bem as tratou.
A sua luz e calor
todo o dia tomou
e eis que no Outono,
muito dourada ficou
a espiga,
filha da sementinha
que já tombou,
no ciclo da vida
que o Senhor criou
e na rota minha
também o tempo passou.
E, como a sementinha,
com esta me vou.
Deixando três espigas
que o Céu me doou
entregues ao tempo
que tudo criou.
by peregrina 2004 11 08