Nunca esquecerei os meus avós e os nossos antepassados que deram formas e edificaram, erguendo pedra a pedra, monumentos a rendilhado negro.
Negro, soado e persistente, para sustento de tantos e tantos que se recordarão ou esquecerão, não sei.
Sei que de dentro deles, ainda hoje brotam deslumbrantes e sumptuosas parreiras.
Parreiras onde se escondem, ao olhar do sol, espevitando raio a raio cada portal, cachos verdes doirados e roxos brilhantes.
Brilhantes e abanados pela aragem, ora quente, ora fresca, que o vento empresta a cada folha, bafejando de frescura os cachos, docemente embalados e luzentes.
Luzentes são os suspiros sumarentos e pisados que brotam de entre mãos e pés nos balseiros e lagares.
Lagares, para onde se escondem estes manjares de verdelho e tinto, bonitos cartões de visita da Vila, da Ilha e por que não da Região.
Região de onde outrora navegantes levaram até lá, à mesa dos Czares, este néctar delicioso, que:
De entre quadrículas negras,
basálticas e seculares,
nascem sumptuosas parreiras,
de perfumados cachos
triturados nos lagares...
...e deliciosos paladares,
outrora saboreados
nas lautas mesas dos Czares.
peregrina Verão2008