"Já enunciei os deveres recíprocos dos cônjuges: respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência.
Não me vou debruçar sobre cada um destes deveres, que, por definição, se compreendem. Vou, apenas, reflectir sobre o que entendo sobre o modo como os cônjuges devem nortear a sua vivência.
Começo por dizer que não é fácil viver “a dois “. No princípio, geralmente, tudo corre às mil maravilhas. A lua de mel prolonga-se por mais ou menos tempo, dependendo da maneira de ser, da educação recebida no lar de cada cônjuge e/ou das companhias com quem se estabelecem relações. É evidente que, se o grupo de casais com quem se convive, foi bem orientado na sua preparação para o casamento, se o ideal do casal e dos seus amigos for coincidente no bom sentido, será certo que as confidências trocadas servirão para atenuar as eventuais “escaramuças”. Caso contrário, elas surgirão, incitadas, até, pelos que se dizem amigos.
Fui muitas vezes convidado para apadrinhar jovens casais. Nas palavras que, no final do copo de água, dirigia aos recém casados nunca faltava este conselho: “nunca, mas nunca – por amor de Deus e do vosso Amor - adormeçam sem se darem um beijo de boa noite”, mesmo que a zanga ou a eventual razão de queixa, que tenhais, seja séria e real.
Alguns dos meus afilhados já me agradeceram tal conselho, porque, disseram, muitas vezes o beijo terminou em reconciliação ou, pelo menos, atenuou o azedume.
Eu próprio, que estive casado durante 51 anos – 1958 a 2009 – utilizei o método algumas vezes, felizmente não muitas. Penso que a maior parte tem conhecimento que sou viúvo e que, se a minha mulher não tivesse “partido”, teríamos, agora, 58 anos de convivência.
Disse o Papa Francisco que, na convivência, “entre todas as coisas aquilo que mais pesa é a falta de amor. Pesa não receber um sorriso, não ser recebido. Pesam certos silêncios”. Noutra ocasião, disse o mesmo Papa Francisco, que, no casamento, há três palavras mágicas, que o casal teima em esquecer:” PEDIR LICENÇA, OBRIGADO E DESCULPA”.
“O matrimónio é uma longa viagem que dura toda a vida, necessitando da ajuda de Jesus para os cônjuges caminharem juntos com confiança, para se acolherem um ao outro todos os dias, e se perdoarem todos os dias” - Palavras de Francisco, noutra catequese."
da net