O desafio dos nossos dias...

26
Jun 14

 

Meu caminho é por mim fora,
até chegar ao fim de mim
e encontrar-me com Deus...
Mas lá no fim
eu vou sentir-me tão outro,
tão igual
ao Senhor Deus que ali mora,
que hei-de ficar convencido
de que afinal
só Tu Senhor!, lá estás
e que eu fiquei para trás...
Cá vai Deus a remar
e eu a ser um remo com que Deus
rasga caminhos pelo mar...
 
Sebastião da Gama
publicado por emcontratempo às 10:47

21
Mar 13

 

 

Vem depressa oh Primavera,

que estamos à tua espera!

Vejo dispostos os teares,

e armados os bastidores,

que são para tu bordares,

a oiro do sol e a cores,

charnecas, várzeas, pomares,

árvores novas e velhas,

de folhas verdes e flores,

que dão o mel às abelhas

e a alegria aos lavradores...

Vem depressa oh Primavera,

que estamos à tua espera!

 

Afonso Lopes Vieira

 

publicado por emcontratempo às 18:26

26
Dez 12

 

 

Se procuras o Natal dos pobres
na cidade dos ricos
Despe-te de ambições
e de toda a veste pesada
que te oprime de seres livre.
 
Se procuras o Natal dos Peregrinos
neste mundo de instalados,
Acende uma estrela que te guie na noite da fé
pois há natais proibidos na estrada
e informadores de falsos Messias.
 
Se procuras o Natal dos Poetas
nesta cultura de ciências quadradas,
deita por terra os fantasmas
que habitam os teus castelos
e não deixam passar o sol.
 
Se procuras o Natal de Francisco de Assis
neste mundo global, abre o coração à paz.
Porque Belém, hoje,
mais do que ponto geográfico
É referência para as encruzilhadas
que há dentro de ti.
 
Se procuras o Natal dos Simples
nesta cidade complicada,
descalça os preconceitos
e mistura-te com as crianças
para entrar com elas
No Natal de Jesus Cristo.
 
Frei Manuel Rito Dias
publicado por emcontratempo às 13:01

09
Out 12

 

"Agora e Sempre"

 

Vai-se, a pouco, esgarçando o nevoeiro,

que adensava a maldade sobre a terra:

- Crimes, traições, sanguinolentas guerras,

destroços fumegantes de braseiro.

 

Varrem-se campos, onde o horror cimeiro

desvendou a vitória - quanto encerra

satânico raivor, que nada emperra

no humano coração, sem Deus luzeiro.

 

Vingança? - Nada vale. - O novo crime,

o pranto enxugará da nova dor?

Antes perdão que salva e que redime.

 

Nova lei, Mundo Novo, anda o Inferno

gritando às multidões. E, Vós Senhor,

do Sinai repetis: - Eu sou o Eterno

 

Ilha da Madeira, 1945

 

Padre António da Silva Figueira

(mais um poema tirado de um almanaque já muito velhinho que me deram)

publicado por emcontratempo às 12:27

31
Ago 12

 

 

O meu mundo 

não é como o dos outros,

quero demais,

exijo demais;

há em mim uma sede de infinito,

uma angústia constante

que eu nem mesma compreendo,

pois estou longe de ser uma pessoa;

sou antes uma exaltada,

com uma alma intensa,

violenta,

atormentada,

uma alma

que não se sente bem onde está,

que tem saudade...

sei lá de quê!

 

Florbela Espanca 

...é como se tudo isto pulsasse dentro do meu ser.

 

publicado por emcontratempo às 12:10

28
Jul 11

"Deus pede estrita conta de meu tempo
E eu vou, do meu tempo dar-lhe conta;
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo ?

 

Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje quero acertar conta e não há tempo...

 

Oh! vós que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo;
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta.

 

Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo. "

 Frei Antônio das Chagas
(1631/1682)

publicado por emcontratempo às 14:56

27
Jul 11

 

"Alvorada

 

Amanhece.

Pelas frestas da vida

a luz

reluz.

Vai começar o dia dos sentidos,

Da razão

e do medo.

sensações.

Lucidez.

E uma pedra de angústia sobre o peito.

(é precisamente o que sinto... uma pedra de angústia sobre o peito,

que alguém de muito má índole, atirou mais uma vez.)

Mas é ressuscitar!

É renascer!

E levantar a tampa do caixão

e ser de novo Adão

com a maçã ainda por comer."

Miguel Torga

(pois, e onde estão as forças, ... neste momento vou-me segurando às margens da minha fé,

que por sorte é a única que não está abalada.)

publicado por emcontratempo às 12:24

26
Jul 11

 

 Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que às vezes fico pensando, se a burrice não será uma ciência. 
                                                                                                
'' António Aleixo''

publicado por emcontratempo às 11:35

24
Mar 11

 

 

Pergunto ao vento que passa

notícias do meu país

e o vento cala a desgraça

o vento nada me diz.

 

Pergunto aos rios que levam

tanto sonho à flor das águas

e os rios não me sossegam

levam sonhos deixam mágoas.

 

Levam sonhos deiam mágoas

ai rios do meu país

minha pátria à flor das águas

para onde vais? ninguém diz.

 

 ninguém diz?!

 ninguém diz?!

 ninguém diz?!

 

se o verde trevo desfolhas

pede notícias e diz

ao trevo de quatro folhas

que morro por meu país.

 

Pergunto à gente que passa

por que vai de olhos no chão.

Silêncio -- é tudo o que tem

quem vive na servidão.

 

Vi florir os verdes ramos

direitos e ao céu voltados.

E a quem gosta de ter amos

vi sempre os ombros curvados.

 

E o vento não me diz nada

ninguém diz nada de novo.

Vi minha pátria pregada

nos braços em cruz do povo.

 

vi minha pátria na margem

dos rios que vão pró mar

como quem ama a viagem

mas tem sempre de ficar.

 

Vi navios a partir

(minha pátria à flor das águas)

vi minha pátria florir

(verdes folhas verdes águas).

 

Há quem te queira ignorada

e fale pátria em teu nome.

 

Eu vi-te crucificada

nos braços negros da fome.

 

E o vento não me diz nada

só o silêncio persiste.

Vi minha pátria parada

à beira de um rio triste.

 

Ninguém diz nada de novo!!!!!

 

se notícias vou pedindo

nas mãos vazias do povo

vi minha pátria florindo.

 

E a noite cresce por dentro

dos homens do meu país.

Peço notícias ao vento

e o vento nada me diz.

 

Quatro folhas tem o trevo

liberdade quatro sílabas.

Não sabem ler é verdade

aqueles p'ra quem eu escrevo.

 

Mas há sempre uma candeia

dentro da própria desgraça

há sempre alguém que semeia

canções no vento que passa.

 

Mesmo na noite mais triste

em tempo de servidão

há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.

 

Manuel Alegre

publicado por emcontratempo às 12:28

 a samaritana (Jo 4, 4-30)

net
 
Dos amores do redentor
não reza a história Sagrada
mas diz uma lenda encantada
que o Bom Jesus sofreu de amor.
 
Sofreu consigo e calou
Sua paixão divinal
assim como qualauer mortal
um dia de amor palpitou.
 
Samaritana, plebeia de Cicár
alguém espreitando te viu Jesus beijar
de tarde quando foste encontrá-Lo só
morto de sede junto a fonte de Jacob.
 
E tu risonha acolheste
o beijo que te encantou
serena empalideceste
e Jesus Cristo corou.
 
Corou por ver quanta luz
irradiava da tua fronte
quando disseste "Oh meu Jesus
que bem eu fiz, Senhor em vir à fonte"
 
letra e música: Eduardo Bettencourt
publicado por emcontratempo às 12:17

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