Velhinho de olhar cansado,
Semblante tosnado dos anos,
Olhas e ficas pasmado,
baralhado com tanta coisa,
tantos desenganos...
Cheio de frio, cheio de fome,
Lá vens tu, sózinho.
sem protecção e sem carinho,
triste esgueiras o olhar
sentado na beira da parede caída,
pelo tempo, pelos anos,
como tu, oh bondoso velhinho.
Entristece-te a forma de vida,
de querer ser, sem ser nada,
sem ao trabalho se dar guarida,
como percorrer como tu a estrada,
caminhante, nesta vida.
Há quem para ti nem volte o olhar
porque vive o presente
não sabe que em velho irá parar,
fica de ti, distante... ausente...
e tu, acabrunhado pela vida...
fitando-o tristemente...
Também foste criança, foste jovem
foste homem forte e trabalhador
Lutaste na vida com amor...
Hoje, alquebrado e cansado,
teu olhar procura o carinho,
que na tua mocidade, também
distribuías a outro velhinho.
e assim percorre a vida...
a criança d'outrora... hoje amadurecida...
peregrina 2017.08.30